Criadora
do Baú das Letras, psicóloga leva biblioteca itinerante a bairros da periferia
Fernanda Vieira da Silva é Psicologa, Pedagoga e Idealizadora do Projeto Baú das Letras |
Por: Maristela Aparecida Claro dos Santos,
28 Novembro 2012
Apesar
de morar na terra onde Monteiro Lobato criou personagens emblemáticos da
literatura brasileira, como Emília, Narizinho e o Visconde de Sabugosa,
Fernanda Matos Vieira não vive em um conto de fadas. Ao contrário, a psicóloga
de 26 anos tem uma missão mais importante do que ser feliz para sempre: a
responsabilidade de transformar realidades e futuros, por meio da leitura.
Ela é idealizadora do Projeto Baú das
Letras, que, aos fins de semana, leva literatura às crianças dos bairros
periféricos de Taubaté, município localizado a 130 quilômetros de São Paulo e
decretado, em 2011, como Capital Nacional da Literatura Infantil. Dentro do baú
são guardados 250 livros, recebidos de doações ou comprados. Um número maior
que a média de quatro livros lidos pelos brasileiros por ano, segundo o Ibope,
mas infinitamente menor que os 138.648 exemplares disponíveis nas 13
bibliotecas de Taubaté.
A empreitada de Fernanda é inspirada
no estudo do sociólogo Theodor Adorno, que debate a educação como forma de
emancipação. "Meu desafio vai além do incentivo à leitura, quero
conscientizar e formar cidadãos críticos", explica. A teoria é reforçada
pela Constituição Brasileira, que assegura à criança o acesso, entre outros
direitos, à educação e à cultura. Para a professora Eliane Freire, docente de
Tecnologias da Informação e da Comunicação na Universidade de Taubaté, o
conhecimento é a base de tudo. "Incentivar a leitura é abrir um mundo de
possibilidades a quem é jovem, é proporcionar o saber para o resto da
vida."
Momentos preciosos de leitura para as crianças |
Muitas das crianças que participam da
ação não sabem ler, algumas pela pouca idade, e outras porque estão no índice
de 43,9% de alunos que não atingem o aprendizado adequado de leitura ao fim do
3º ano do Ensino Fundamental no Brasil. Porém, a pouca afinidade com as
palavras não é desculpa, já que as voluntárias entram na brincadeira para a
contação de histórias. O maior exemplo de Fernanda veio da mãe, Jandira Matos,
que, desde cedo, incentivou a filha a explorar as páginas dos livros. "Os
pais precisam entender que presentes não substituem momentos de leitura e
carinho", enfatiza Jandira.
Em média, 50 pessoas prestigiam o
projeto por dia e as crianças não deixam de participar, encantadas com
dinossauros, princesas e figuras do Sítio do Pica-pau Amarelo. Ana Júlia, de 3
anos, foi uma que se perderam na imensidão de títulos e, com a facilidade de
repetir as histórias que ouviu, impressionava a todos. A maior dificuldade foi
mesmo da madrinha da menina, Célia Regina, para convencê-la a ir embora.
"Iniciativas como essa mostram que o mundo ainda pode melhorar",
avalia Célia.
Projeto Baú das Letras sendo realizado na Praça Santa Teresinha - Taubaté - SP |
Ao fim do dia, com a sensação de dever
cumprido, Fernanda e a mãe retornam os tesouros ao baú para numa próxima semana
contar outras tantas histórias. "Cada criança que abre um livro é como uma
semente que planto e tenho certeza que lindas flores brotarão", diz a
jovem, que comemora o Dia do Livro, em 29 de outubro, levando uma riqueza
sem-fim a quem precisa.
Fonte:http://ciencia.estadao.com.br/noticias/geral,projeto-incentiva-leitura-infantil-em-taubate,966545
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