Imagem: Projeto Baú das Letras |
São muitos os
benefícios que o contato com livros, ainda na primeira infância, é capaz de
proporcionar. Várias funções psicológicas podem ser desenvolvidas, entre elas a
memória e a capacidade de estruturar as informações. A leitura em voz alta para
uma criança de até 3 anos ajuda a despertar sua sensibilidade para diferentes
formas da fala e ainda tem o efeito positivo sobre a chamada atenção seletiva
-- a capacidade de se desligar de outras fontes de estímulo, mantendo-se
concentrada numa só atividade por períodos mais longos. Ler histórias também
ajuda no desenvolvimento da noção de tempo. O bom e velho "era uma
vez" carrega em si a idéia de algo que acontecia e já não acontece,
apresentando à criança a existência do antes, do agora e do depois. "Com a
prática da leitura, os bebês desenvolvem estruturas para a ordenar o mundo com
base no critério de temporalidade", diz Fraulein Vidigal de Paula.
Na capital mineira, um
projeto que estimula o envolvimento dos pais no incentivo à leitura tenta
potencializar todas as vantagens que a proximidade com livros pode oferecer aos
pequenos. E, assim como o Leitura no Berçário!, também vem colhendo bons
resultados. Trata-se do Espaço de Ler, Direito de Todos, que foi implementado
em nove creches e atende 950 crianças. Ele é mantido pelo Instituto C&A,
que, por meio de seu programa Prazer em Ler, apóia iniciativas para a formação
de leitores, com suporte do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura
e Ação Comunitária (Cenpec). Nas creches de Belo Horizonte, são realizadas
mediações de leitura com as professoras e também com funcionários das lojas
C&A, que participam como voluntários. A cada 15 dias, os próprios pais são
convidados a ler histórias para toda a turma. Isso estimula os pequenos a levar
livros para casa e continuar por lá a "brincadeira" de leitura com o
resto da família.
"Crianças,
familiares e educadores participam ativamente do espaço das bibliotecas, coisa
que não acontecia antes de implementarmos o projeto", diz Leandro Gomes,
coordenador pedagógico da Creche Elizabeth Santos e integrante do conselho
gestor do projeto. Outras atividades de incentivo à leitura são especialmente
aguardadas pelos pequenos. Uma delas: eles podem escolher, entre vários livros
colocados sobre a mesa, quais querem ler enquanto tomam lanche.
O Espaço de Ler,
Direito de Todos é apenas um dos projetos que apostam na participação intensiva
de pais e familiares para garantir o envolvimento das crianças com a leitura.
Em Curitiba, outra iniciativa segue a mesma linha. Ela acontece na CEMEI Santa
Izabel e tem por trás o Instituto Avisalá, de São Paulo, cujas principais ações
se concentram na formação continuada de profissionais que trabalham com
Educação Infantil e séries iniciais do Ensino Fundamental.
A pedagoga Andréia
Bonatto, que planejou a atividade, explica: "Toda sexta-feira, as crianças
voltam para casa com uma sacolinha de pano. Dentro dela vai um livro, que elas
mesmas escolheram, e um caderno, com um bilhete solicitando aos pais que façam
a leitura com o filho. Na segunda-feira, os pequenos trazem consigo o livro
lido e o caderninho, com anotações feitas pela família sobre a experiência do
fim de semana. Então, a professora lê em voz alta o que foi
escrito".
O resultado é que,
muitas vezes, além de querer recontar a história para os colegas, as crianças
também anseiam por compartilhar suas próprias impressões sobre a leitura -
exatamente como feito por escrito, no caderno. "A atividade os fez
tornarem-se ávidos contadores de histórias. Toda segunda-feira é uma farra,
porque cada um quer contar primeiro aquilo que leu no fim de semana", diz
Andréia.
Fonte: Abril
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